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Tom Wolfe decepciona no Fronteiras

16 novembro, 2009

Uma penca de gente pagou uma grana pra ver o ícone do Novo Jornalismo, o jornalista e escritor americano Tom Wolfe. Pra quem não fechou o pacote completo do Fronteiras do Pensamento, tinha ingresso avulso hoje a 100 reais. E confesso, se eu fosse rica e tivesse dinheiro sobrando, eu teria pago os 100 pilinhas.

Ainda bem que não sou rica e não botei meu dinheiro fora. Fui de graça graças à professora Sandra de Deus, que cedeu convites à equipe do Jornalismo B. Decepcionante, no mínimo. Chata e sem noção também se aplicam à aula proferida por Tom Wolfe. A péssima tradução simultânea contribuiu para que a coisa não desse certo.

Ele falou de tudo, em um sem nexo absurdo. Os assuntos foram se intercalando inarticulados e sem motivo. Começou na crise econômica, passou por religião, arte, macacos, controle de natalidade, sexo, universidades americanas, Paris Hilton, genética. E pasme-se, não chegou em jornalismo e literatura. Falou até que Picasso e Matisse deveriam ter estudado arte por mais tempo para aprender a desenhar mãos.

E, por mais que o público insistisse, com uma pergunta atrás da outra – muito boas, por sinal – sobre o passado, o presente e o futuro do jornalismo, suas possibilidades criadoras, a linguagem literária, o jornalista tergiversava e inseria assuntos que nada tinham a ver.

E pior, o velhinho de terninho branco e meias xadrez – começo a desconfiar que ele é como a Mônica ou a guria da Uniban, que abrem o guarda-roupa e veem o mesmo vestido repetido diversas vezes – não só acrescentava informações desnecessárias. Ele simplesmente ignorava a pergunta.

No primeiro minuto da palestra, abri meu caderninho de anotações, saquei a caneta e preparei a máquina fotográfica. Tirei algumas fotos rapidamente, antes que ele falasse alguma coisa interessante que eu tivesse que parar para anotar. Imaginei que o início esquisito fosse apenas uma introdução que seria explicada pelas informações subsequentes. Insisti um pouco, mantendo a caneta destampada entre os dedos da mão direita e o caderno a postos na esquerda. Até que desisti. Guardei o caderno em branco.

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Um ótimo texto sobre o assunto está n’Os Estrangeiros. Vale inclusive a crítica ao preço do ingresso, à compra do saber e tudo o mais. E a reflexão sobre Tom Wolfe, evidentemente.
3 Comentários leave one →
  1. 17 novembro, 2009 10:14

    Parabéns pelo blog. Emiio (@PoeTwittar).
    P.S.: Se tu for aluna do Giba, Marcia Benetti ou Virgínia Fonseca, manda lembranças, please. Abraço

  2. 17 novembro, 2009 12:31

    Obrigada, Emilio.

    A Virginia é minha orientadora na monografia. Pode deixar que dou o recado.

    Abraço

  3. 18 novembro, 2009 08:31

    Valeu pelo menção, Cris! Legal vcs terem ido! É, esse cara é meio um-sete-um mesmo. Como jornalista, é um bom marqueteiro.

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